A cidade é nossa. O conflito de direitos nas ocupações urbanas.

A cidade é nossa.
O conflito de direitos nas ocupações urbanas.

As praças, ruas, avenidas, ambientes públicos, pertencem à população. É uma atitude cidadã viver de verdade na cidade, torna-la sua casa, usar de seus espaços. O fato das manifestações trouxe essa questão à tona, mas, esse fenômeno acontece desde sempre.

Vário grupo já vem fazendo isso, como os Brother Soul com dança na praça sete, a turma do BH Roller com patinação em praças e locais da cidade, o grupo Minas Riders com seus ciclistas noturnos, a praia da estação e seus “banhistas”, grupos de teatro, artistas circenses, dançarinos de hiphop, e inclusive, todas as pessoas comuns que apenas estão usando o direito de ocupar o seu canto da formas que lhes convém. Ha tempos a praça da liberdade vem sido ocupada pela população como real espaço de encontro e laser. A lagoa da Pampulha e a lagoa seca em breve não suportarão tamanha demanda de caminhantes, ciclistas, patinadores, skatistas, pessoas com seus cachorros, crianças, pernas de pau e até monociclos.

Tudo isso é lícito, digno e maravilhoso de acontecer. A utilização dos espaços públicos como parte da experiência da cidadania.

Mas como todo processo, necessita de certos ajustes e aprendizados.

Hoje ocorreu uma ocupação que me deixou preocupado e me fez escrever estas palavras. Torcedores do atlético ocuparam a praça sete pela segunda vez para comemorar o título da libertadores, ou algo assim. Se isso é direito? Claro que é, a praça é pública, mas era uma ocupação necessária neste momento, atrapalhando o direito de ir e vir de milhares de trabalhadores?. Também tenho visto na lagoa da Pampulha as pessoas se acotovelando, correndo de bicicleta em cima do passeio em velocidade exagerada, caminhantes fazendo corrente de braços dados andando em passos lentos impedindo a passagem de quem vem mais rápido um pouco. É de total direito andar rápido ou lento, de bicicleta, ou com oito cachorros ao mesmo tempo nas coleiras ocupando todo o passeio. É de direito ligar o som alto para escutar funk ou para escutar musica gospel. É direito dançar hiphop e fazer roda de capoeira.

Frente ao direito de ocupar a cidade temos um desafio pela frente.

O exercício de cidadania e o desafio para a sociedade de conviver com o direito dos outros.

Todos temos direitos á ocupar áreas públicas, mas, outros têm direito à locomoção. Temos direito de escutar músicas, mas, outros têm direito ao silêncio.

Cada vez fica mais claro que a cidade é nossa. É do povo. Como uma casa, tem vários ocupantes que devem saber exercer os próprios direitos e preservar os direitos dos outros.

É necessário um amadurecimento dos cidadãos como pessoas que convivem numa cidade para que possamos chamá-la de Lar!

Fabio Teixeira

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