Sindrome Cervical



Conversávamos como duas pessoas civilizadas, falando amenidades, dando risadas, quando ela fez aquilo novamente. Sei que era algo inconsciente, mas sempre mexia em meu brio e às vezes despertava um arrepio subindo de forma constante. Na antiguidade uma boa amante, mostrava a mesma coisa num quadro, uma pequena parte e o resto cenário para um bom admirador. Embora o pintor, bem sabido do contraste, carregava de luz aquela parte que eu não parava de fitar. Eu não sou um fetichista, no máximo, um esteta, mas como diria o poeta, dessa fonte irei provar. Imagine um homem sedento atravessando o deserto, chegando aos poucos bem perto de um revigorante poço. Sinto-me assim quando ela segura os cabelos no alto, suspira em cima do salto, exibindo o belo pescoço. Hesitante, vi aquela pilastra, erguida na carne perfumada e casta, assim eu pensei, será meu segredo. Saiba que eu não tenho medo de escalar a colina que vai se erguendo e em cima, poder repousar minha boca. Mas para ver esse pedaço é fácil matar a vontade, pois é mais que normal na quentura da tarde, que ela use menos roupa. E seu pescoço esguio, fica em total liberdade, eriçando todos meus pelos, até que num gesto vazio, solte com pouca vontade, a mão que prende os cabelos.

Fabio Teixeira

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Julgamento de Frinéia

SALOMÉ

A fábula do planeta Mônada