O OBSERVADOR DE MAUNA (o silêncio)
O OBSERVADOR DE MAUNA (o silêncio)
Fabio Teixeira
Retirei-me do dia para observar o silêncio que havia
na mata que andei de pés descalços e corpo cru,
na água que entrei de pele gelada e coração duro,
na pedra que sentei de pernas cruzadas e destino também.
na mata que andei de pés descalços e corpo cru,
na água que entrei de pele gelada e coração duro,
na pedra que sentei de pernas cruzadas e destino também.
Gritei para a mata uma súplica, uma prece.
Falei com a água uma mágoa, um rancor.
Berrei na rocha uma dor, uma trégua.
O eco repetiu o inesperado:
Silêncio...
Silêncio...
Silêncio...
Quanto mais eu gritava mentalmente, corpo imóvel.
Quanto mais eu rangia articularmente, corpo imóvel.
Quanto mais eu temia emocionalmente, corpo imóvel.
Mais alto o eco se fazia:
Silêncio...
.
.
.
.
.
Mais uma vez tentei de forma ardente, queixar-me do destino.
Da vida, das coisas, das contas, das troças, das traças.
Da vida, das coisas, das contas, das troças, das traças.
Mais uma vez tentei preencher forçadamente os pedaços
que faltavam porque faltam pedaços dos pedaços.
que faltavam porque faltam pedaços dos pedaços.
Cruelmente era a única resposta que tinha:
Silêncio.
Silêncio...
Já havia pensado em tudo, despejado minhas misérias,
minhas lamúrias, meus queixumes.
minhas lamúrias, meus queixumes.
Só restava escutar o eco que insistia:
Silêncio...
Silêncio...
Silêncio...
Observando o silêncio, silenciei-me.
E o eco áspero tornou-se folha.
E o eco enrijecido tornou-se água.
E o eco despedaçado tornou-se rocha.
Observando o silêncio, silenciei-me.
Observando o silêncio, silenciei-me.
Observando o silêncio, silenciei-me.
Só há silêncio...
Só há...
Só...
.
.
.
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