Tudo de Nós - Espetáculo







Estréia e curta-temporada do espetáculo “Tudo de nós”
3 a 12 de maio de 2013, sexta e sábado (21h) e domingo (19h) no Espaço Aberto Pierrot Lunar (Rua Ipiranga, 137, Floresta) | Informações: (31) 2514-0440 | (31) 9970-6521
Biografia
Ficha técnica e artística

Textos e atuação Laura Canedo, Luciana Leitte, Malu Falabella e Matheus Soriedem
Dramaturgia e encenação Juarez Guimarães Dias e Léo Quintão
Preparação vocal Priscilla Cler
Espaço cênico Ed Andrade
Design de luz Bruno Cerezoli
Trilha Sonora e Produção de Moda Cia Pierrot Lunar e Pierrot Teen
Supervisão e Orientação de pesquisa sócio-cultural Mara Greide
Orientação de pesquisa de linguagem Juarez Guimarães Dias
Workshop “O trabalho do ator” Anita Mosca
Workshop “Juventude e Política” José Ricardo Faleiro Carvalhaes
Edição vídeo crowdfunding João Alves
Produção Executiva Neise Neves
Direção de Produção Léo Quintão
Realização Cia Pierrot Lunar

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Minhas Impressões:



Assistir pessoas que admiro em cena é sempre gratificante. Ontem, Matheus, Laura, Malu e Luciana ofereceram um bom espetáculo sobre os sofrimentos e felicidades de ser adolescente.

Como sugere o tema autobiográfico, cada personagem/pessoa discorre sobre seus conflitos e ansiedades em estabelecer sua identidade em contraste com o conjunto de valores que vivencia, ao mesmo tempo em que procura se libertar das amarras traumáticas de experiências anteriores.

Com muito humor e delicadeza, o caminho de “adole-ser” vai se constituindo numa trama bem elaborada.

Antes de abordar um pouco mais o tema, antecipo a minha impressão final:

-    Eu acredito em vocês. Eu acredito na Pierrot Teen


Adolescência não existe, é algo criado dentro da cultura.

Um fato é o processo de amadurecimento, crescimento e desenvolvimento do homem, mas um conjunto de fatores que podem identificar o que vem a ser a fase chamada de adolescência é algo criado pelo contexto histórico. Não há nas características naturais do ser humano biológico algo que seja definido, que seja genético e estruturado como adolescência. Os fatos e acontecimentos que marcam este período podem acontecer em diversos outros momentos da vida. As características fisiológicas que ocorrem dos processos naturais, são significadas pela sociedade, como por exemplo a primeira menstruação o aparecimento de espinhas ou o crescimento dos seios. Se o significado é que atribui a característica do que vem a ser a adolescência, mostra-se mais ainda um elemento de teor cultural. Mesmo assim, o subjetivo não é igual ao social, então cada jovem constrói também sua realidade de acordo com o contato que tem com a sociedade que o constrói como adolescente. Ou seja, em outras condições sócio-históricas, o que chamamos de adolescência poderia ser outra coisa e ter a mais diversa forma e caracterização. Onde antes logo cedo a criança ia para a lida nos campos, hoje permanece anos a fio em formação dentro de uma academia, pois assim a sociedade moderna e toda a sua tecnologia atualizada quase que diariamente o exige. De certa forma, esta é uma das maneiras de se criar um grupo social de jovens que estão na escola e longe da presença dos pais e um padrão coletivo de comportamentos. Dentro da visão capitalista na qual estamos inseridos, o homem precisa ser produtivo, e desde cedo o jovem é preparado para se tornar um profissional, portanto passa pelo tempo de latência  do estudo, do preparo, e isso marca bastante esta fase. Como este jovem está se construindo subjetivamente nesse processo, em algum momento acaba por colocar em choque, o que ele deseja e o desejo quase que imposto pelo mecanismo social, como que uma batalha travada, quase sempre estigmatizada como o fenômeno social da rebeldia,  para a afirmação de sua identidade dentro deste contexto. Então se esta criação é subjetiva, se este comportamento é criado pela relação sujeito e sociedade, não obrigatoriamente este jovem vai repetir ou demonstrar as mesmas características. A adolescência se adapta à realidade do sócio-econômica do grupo, ou seja, os objetos de desejo, roupas, formas de consumir, o que consumir, aonde ir, os modelos de comportamento vão sendo marcados dentro de cada grupo. Na media que o jovem amadurece, a família vai constituindo em conjunto novas realidades, na medida que este jovem aumenta seu vínculo com a realidade que foi co-construída.

Fabio Teixeira



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